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Tramas da Memória
Desenhos e Colagens de Ana Lisboa e Sebastião Pedrosa


 

A Dumaresq Galeria de Arte apresenta ao público a recente produção de trabalhos de dois artistas pernambucanos, ambos trabalhando e vivendo no Recife.


Talvez a primeira pergunta que o público poderia fazer seria sobre o motivo pelo qual esses artistas estão expondo juntos. Por quê? O que há de comum entre os trabalhos deles? Ambos são artistas professores vinculados ao Departamento de Teoria da Arte e Expressão Artística da UFPE. Quase sempre os dois se utilizam da gravura em suas poéticas visuais e também fazem da gravura a sua prática pedagógica.


No entanto, a gravura nesta exposição não seja o foco principal, ambos fornecem indicações dos procedimentos adotados por artistas que se apóiam no pensar e fazer gravura: a recorrência de imagens que se manifestam pela repetição, pelo rebatimento, pela superposição e justaposição de elementos e pela economia da cor.


Em seus desenhos Ana Lisboa elege exclusivamente o preto e suas variações tonais para construir suas imagens/colunas, como um inventário de suas memórias e de experiências vividas tais como a visita à Romênia em que se depara com as esculturas de Brancusi, ou na coleta de fragmentos do dia-a-dia em que a artista faz re-significar em sua produção plástica os resíduos autobiográficos.


As colagens/palimpsestos de Sebastião Pedrosa incorporam fragmentos de suas próprias gravuras trabalhadas em outros momentos e situações. São fragmentos de memórias do cotidiano em que texto visual e verbal se transforma em obras de arte.   A palavra ‘palimpsesto’ de origem grega significa “riscar de novo”, assim, as páginas disjuntas de anotações de diversos momentos vividos pelo artista: esboços de reuniões, anotações de planejamento, listas de tarefas a serem executadas, desenhos mecânicos feitos em reuniões burocráticas, planejamento de alguma idéia criativa plástica a ser realizada, cartas recebidas de pessoas diversas se tornam a matéria prima em que o artista exercita a sua imaginação criativa.


Nas suas individualidades e modo idiossincrático de fazer arte Ana Lisboa e Sebastião Pedrosa compartilham a ação de registrar signos oriundos de uma mitologia pessoal ativada pela trama da memória e das lembranças vividas.

 

Sebastião Pedrosa
Recife, Outubro de 2010.


 

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